EU
Eu
nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim; já dizia Dorival Caymmi na
“Modinha para Gabriela”, eternizada pela novela global. Achei incrível a
declaração de um amigo, quando viu uma senhora a observar um berçário e chamar
os seus ocupantes de “anjinhos”. Para ele não eram “anjinhos” e sim,
“cobrinhas”, nasceram assim. Nasci uma serpente, isso afirma o salmista ao
dizer que, alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que
nasceram, proferindo mentiras; têm veneno semelhante ao veneno da serpente; são
como a víbora surda... Minhas ações
confirmam isso. Sou herdeiro de uma geração má, destituída de bondade, amor,
perdão, misericórdia, e cheio de justiça própria. Justiça que o profeta compara
a panos sujos de menstruação. Que justiça, em?! Como posso dizer que sou justo?
Não posso, pois, aos romanos, São Paulo diz: Como está escrito; Não há um
justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a
Deus. Todos se extraviaram... Assim me descobri! Sou semente de uma geração
inimiga da semente divina, e não vejo solução humana para a resolução desse
problema existencial. Não há como mudar a cor do etíope. Lembram-se do lendário
rei do Pop, Michael Jackson? Muito menos modificar as manchas do leopardo.
Minha maldade é inerente. Tentei encontrar, de todas as formas, um meio de
coibir o mal que há em mim, tudo em vão. Busquei na religião, mas somente
encontrei líderes que me enganaram e cujo seu deus é o próprio ventre; e
pessoas que, presunçosamente, oravam desta forma: “Ó Deus, graças te dou porque
não sou como os demais homens...” Tentei a solução na filosofia, mas descobri
que a ciência me inchou e me tornou, prepotente e “superior” aos outros. Arrisquei
na política, porém, com a intenção da governabilidade, envolvi-me na corrupção.
Decidi ser ateu e descobri que não passo de um néscio achando que não há Deus,
mesmo diante dos seus atributos invisíveis, seu eterno poder e divindade,
claramente vistos na criação. Ai de mim! Miserável homem que sou!
Diante
de inúmeras tentativas entrevi uma luz lá no final do túnel! Um sábio
contemporâneo nos proporcionou uma pérola, daquelas que surgem inesperadamente,
quando já se tentou de tudo para solucionar o mal da humanidade: “Bandido bom é
bandido morto”. Já havia escutado outra bem parecida: “Atrás do trio elétrico
só não vai quem já morreu”. De fato, um morto não pode segui-lo! Mesmo assim
prefiro a frase do intelectual, pois é mais incisiva e meche diretamente com o
cerne do problema. Mata! Não cumpriu a lei, executa! Às adulteras, apedrejamento;
aos ladrões, mãos decepadas; aos estupradores, castração. Sinto muito pela
decepção ao notável e a seus discípulos, mas todas essas formas de punição já
foram testadas e com frustração, pois nunca resolveram o problema do caráter
humano.
Descobri
que sou “bandido morto”! Não porque a tal frase de efeito tenha causado implicação
em minha vida, pois não fora cunhada com a mesma conotação que a compreendo, mas
porque estou crucificado com Cristo e vivo não mais eu, estou morto. Deus tem
dessas coisas; às vezes usa jumentas para falar e, se possível, até pedras a
clamarem, mas a essência da minha mudança foi anunciada pela Palavra de Deus,
quando revelou o meu batismo na morte e ressurreição de Cristo, a minha morte,
a morte do EU.
Texto que inicia a série “Eu, tu, ele, nós, vós, eles, em
CRISTO?”
16 de abril de 2018
Francisco Fernandes