segunda-feira, 15 de outubro de 2018



Nem um til, viu?

Tomei conhecimento de uma descoberta que mudará a história da cristandade. Talvez algumas pessoas fiquem perplexas com ela, mas é necessário que seja repassada, pois é um assunto de relevante importância ao mundo cristão. Não deixem de ler até o final, uma vez que sua vida cristã pode sofrer uma mudança radical. Descobriu-se que a Bíblia, livro usado pelas religiões chamadas cristãs, nas suas versões traduzidas por João Ferreira de Almeida e usada pelos evangélicos brasileiros, publicada pela primeira vez em 1681, a partir do Textus Receptus e do texto hebraico Massorético é uma grande farsa. A descoberta prova que muitos textos falados por Cristo e pelos apóstolos, segundo as traduções para o português, foram totalmente adulterados. Fiquei muito decepcionado com isso e não sei mais como conseguirei seguir como evangélico, se a maioria dos textos que me embasavam não me foram passados corretamente. A versão verdadeira para o texto de Mateus 5: 38 e 39 é a seguinte: “Ouça o que foi dito: olho por olho, dente por dente. Torture o homem mau. Se alguém lhe ferir a face direita, estando você de posse a uma arma, atire-lhe na testa, não nas pernas”. Outro texto equivocado encontra-se em Mateus 26: 52, por ocasião da prisão de Jesus: “Então Jesus lhe disse: Use da espada para defender-me; porque os que não o fizerem, à espada morrerão”. A verdadeira tradução dos originais bíblicos foi divulgada neste período eleitoral brasileiro por meio de alguns teólogos defensores da “moral e dos bons costumes”, daqueles que são capazes até de soprar no cano do revólver, após detoná-lo. Um texto que me deixou mais perplexo ainda foi o que diz respeito a nossa cidadania. Antes acreditava que não era desse mundo, que minha cidadania era celestial, mas a verdadeira versão de João 15: 19, diz: “Vocês são cidadãos do mundo e o amor a ele lhes fará, por força ou violência, instaurar o meu reino na terra (em nosso caso, Brasil)”. Não era de acordo com a ideia sacerdotal de crer na ascensão da igreja ao governo, pois houve outros exemplos na história e as consequências foram desastrosas. Com a descoberta da verdadeira versão bíblica, que devo fazer? Devo embarcar na mesma ideia da maioria dos que se dizem cristãos no Brasil?

Sempre acreditei que o capítulo 13 de I Coríntios, aquele que fala do amor, mesmo sabendo da sua complexidade em cumpri-lo, fosse daquele jeito mesmo. Grande foi o meu desapontamento em saber que Paulo não escreveu aquilo. Consta na nova descoberta que o seu original é assim: “Eu falo a língua dos homens. Ela diz que bandido bom é bandido morto. Eu conheço todos os mistérios e ciências políticas, não é com amor e com pregação que se resolverá o problema do homem. Eu tenho muita fé que todas as mazelas do mundo devem ser resolvidas com austeridade, com força, pois me foi dado o poder de jugar e condenar o pecador. Não sofra, não suporte, não espere. Resolva com suas próprias mãos.” (I Coríntios 13: 1-7).

O mais incrível foi saber que na verdadeira versão da suposta tentação de Cristo, a coisa aconteceu ao revés. Não foi o diabo quem ofereceu os governos do mundo a Cristo, se ele o adorasse. Jesus procurou a sua ajuda para governar e resolver os problemas político da humanidade, inclusive da fome: “Disse Jesus ao diabo: a humanidade vive de pão. Transformemos pedras em pães e, associados, resolveremos todos os problemas.” (Lucas 4: 3-4).

E a cruz? Foi só um acidente de percurso. Não era necessária no plano da salvação. Para que morrer? “Disse Jesus: Moisés levantou a serpente no deserto, mas para que vocês tenham êxito neste mundo, não posso ser levantado.” (João 3: 14-15). O plano de salvação do mundo foi pelo ralo, segundo o novo pensamento que tem como base a versão bíblica descoberta. “Chegou a hora de colocar, de fato, o plano em prática!” Creem os adeptos da versão descoberta.

Como os textos citados, são muitos os que mudarão a história da cristandade. Cristãos subirão ao poder, jugarão vivos e mortos, terão o poder de mandar direto para o inferno ou para o céu, agora sem necessitar da Cruz, polarizarão o mundo. “Não assumir o poder conosco é assinar a confissão de esquerdistas, de reacionários, de ímpios, é a morte!”. Dirão os novos donos da verdade. Permaneceremos com a versão secular ou acreditaremos na nova “descoberta”? Lembre-se: Nem um til, viu?

Francisco Fernandes
22 de setembro de 2018

Referências utilizadas:
Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mau; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; Mateus 5:38,39
Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão. Mateus 26:52
Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. João 15:19
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 1 Coríntios 13:1-7
E disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em pão. E Jesus lhe respondeu, dizendo: Está escrito que nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus. E o diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o diabo: Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória; porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero. Portanto, se tu me adorares, tudo será teu. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Vai-te para trás de mim, Satanás; porque está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás. Lucas 4:3-8
E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3:14,15

quarta-feira, 16 de maio de 2018

EU

Eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim; já dizia Dorival Caymmi na “Modinha para Gabriela”, eternizada pela novela global. Achei incrível a declaração de um amigo, quando viu uma senhora a observar um berçário e chamar os seus ocupantes de “anjinhos”. Para ele não eram “anjinhos” e sim, “cobrinhas”, nasceram assim. Nasci uma serpente, isso afirma o salmista ao dizer que, alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, proferindo mentiras; têm veneno semelhante ao veneno da serpente; são como a víbora surda...  Minhas ações confirmam isso. Sou herdeiro de uma geração má, destituída de bondade, amor, perdão, misericórdia, e cheio de justiça própria. Justiça que o profeta compara a panos sujos de menstruação. Que justiça, em?! Como posso dizer que sou justo? Não posso, pois, aos romanos, São Paulo diz: Como está escrito; Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram... Assim me descobri! Sou semente de uma geração inimiga da semente divina, e não vejo solução humana para a resolução desse problema existencial. Não há como mudar a cor do etíope. Lembram-se do lendário rei do Pop, Michael Jackson? Muito menos modificar as manchas do leopardo. Minha maldade é inerente. Tentei encontrar, de todas as formas, um meio de coibir o mal que há em mim, tudo em vão. Busquei na religião, mas somente encontrei líderes que me enganaram e cujo seu deus é o próprio ventre; e pessoas que, presunçosamente, oravam desta forma: “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens...” Tentei a solução na filosofia, mas descobri que a ciência me inchou e me tornou, prepotente e “superior” aos outros. Arrisquei na política, porém, com a intenção da governabilidade, envolvi-me na corrupção. Decidi ser ateu e descobri que não passo de um néscio achando que não há Deus, mesmo diante dos seus atributos invisíveis, seu eterno poder e divindade, claramente vistos na criação. Ai de mim! Miserável homem que sou!
Diante de inúmeras tentativas entrevi uma luz lá no final do túnel! Um sábio contemporâneo nos proporcionou uma pérola, daquelas que surgem inesperadamente, quando já se tentou de tudo para solucionar o mal da humanidade: “Bandido bom é bandido morto”. Já havia escutado outra bem parecida: “Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu”. De fato, um morto não pode segui-lo! Mesmo assim prefiro a frase do intelectual, pois é mais incisiva e meche diretamente com o cerne do problema. Mata! Não cumpriu a lei, executa! Às adulteras, apedrejamento; aos ladrões, mãos decepadas; aos estupradores, castração. Sinto muito pela decepção ao notável e a seus discípulos, mas todas essas formas de punição já foram testadas e com frustração, pois nunca resolveram o problema do caráter humano.
Descobri que sou “bandido morto”! Não porque a tal frase de efeito tenha causado implicação em minha vida, pois não fora cunhada com a mesma conotação que a compreendo, mas porque estou crucificado com Cristo e vivo não mais eu, estou morto. Deus tem dessas coisas; às vezes usa jumentas para falar e, se possível, até pedras a clamarem, mas a essência da minha mudança foi anunciada pela Palavra de Deus, quando revelou o meu batismo na morte e ressurreição de Cristo, a minha morte, a morte do EU.        
Texto que inicia a série “Eu, tu, ele, nós, vós, eles, em CRISTO?”
16 de abril de 2018
Francisco Fernandes

sexta-feira, 30 de março de 2018




Cidade Futuro, Ano novo, Velha Tradição

Em toda mudança de ano nos enchemos de novos planos, planejamos novas empreitadas, empreitamos novos desafios e desafiamos a criatividade. A mesmice não é legal, o espírito do ano novo nos enche de esperança e todos queremos coisas novas, prosperidade, saúde, ser felizes. Imbuído desse sentimento e analisando o slogan que traz a gestão municipal “Jaguaribe Cidade Futuro”, pensei cá com meus botões, por que não fazer uma série de mudanças em alguns nomes de lugares e de pessoas, que talvez soem mal para uma cidade futurista? Na Jaguaribe Futuro não ficaria legal nomes como Rua da Gaveta e Rua do Riacho, sugeriria Alameda do Cacifo e Bulevar do Ribeiro. Daria um ar mais parisiense para a cidade. Uma cidade moderna com um conjunto de pontos comerciais chamado Calor da Bacurinha é, no mínimo, ridículo. Poder-se-ia substituir por um nome mais científico para ocultar o sentido malicioso, como por exemplo, Centro Comercial Ardência no Regaço. Novos bairros surgem e os antigos não deveriam mais manter seus nomes pitorescos. O bairro Curralinho poderia chamar-se Vivenda Pequeno Aprisco. O distrito de Feiticeiro se chamaria de Distrito de Hierofante, ocultaria o significado obscuro do nome. Mudanças são necessárias a uma cidade que cresce.
Imaginem chegando alguém ao aeroporto municipal e tomando um táxi com o Mané Malassada, ainda que já esteja aposentado, ou com o Meia-luz. Seria mais chique ter como taxista o Sr. Manuel Tortilha, algo mais próximo do espanhol, ou o Sr. Penumbra, menos jocoso. Consertar seu relógio no relojoeiro e cartunista Francisco Delgado, nome de artista hispânico, seria muito mais elegante que ir à oficina do Chico Tripinha. Almoçar no restaurante do Sr. Francisco Abastado seria muito mais apetitoso que comer na churrascaria do Chico Rico. Comprar bebidas finas no minimercado do Sr. José Distraído seria mais requintado que comprar um litro de vinho na bodega do Zé Lesado.
Não acredito ser legal para uma cidade desenvolvida, um restaurante chamado Maria da Caboca. Imaginem o nome “Restaurante A Legatária da Mestiça”. Que nome fino! E uma fábrica de reaproveitamento de caixas velhas, com o nome de Sopapo, de propriedade de um cara chamado Nego Véi? Jamais deveria encontrar espaço numa cidade de primeiro mundo. Seria chiquérrimo, visitar uma cidade hiperdesenvolvida, comprar uns souvenires em seu centro comercial e embalá-los em caixas recicladas confeccionadas pela Solavancos Reciclagem, de propriedade do Sr. Afrodescendente Idoso. 
Tudo isso seria politicamente correto e uma verdadeira IDIOTICE. É fato que almejamos boas mudanças para 2018, e que Deus nos conceda, mas ser escravizado por tal ditadura é deprimente. A cidade cresce, os projetos podem até ser visionários, mas as tradições, ainda que infrinjam alguns conceitos pós-modernos, manter-se-ão. Sempre serão, rua da gaveta, rua do Riacho, bairro Curralinho, distrito de Feiticeiro. Mesmo quando não estiverem mais entre nós, as personagens sempre serão, Malassadas, Marinheiros, Meia-luz, Zé Lesado, Chico Rico, Maria da Caboca, Chico Tripinha, Nego Véi, as que farão parte do patrimônio imaterial de Jaguaribe.    
Francisco Fernandes
https://cronicaeuconto.blogspot.com.br/
29 de dezembro de 2017