terça-feira, 1 de novembro de 2016

Má Núpcia

Ela estava indo até bem quando resolveu casar, pensando que resolveria alguns problemas financeiros e outros de relacionamentos, pois era de família pobre e não tinha acesso às rodas sociais, à elite, ambição que, inevitavelmente, sufoca a vida de um emergente.  Decidiu assumir um jugo desigual, não atentando para o fato de que, confeccionar roupa de linho e lã não é aconselhável, pois um é adequado ao calor e a outra, ao frio. Colocar um boi e um burro em uma mesma canga não seria a forma adequada de realizar um trabalho profícuo. São animais de naturezas distintas e, inevitavelmente, causariam um grande desastre. Assim foi sua aliança.
Mas tudo bem! Mesmo com o desastroso ajuntamento ia conseguindo administrar sua casa; colocar comida na mesa; pagar escola para os pequenos e faculdade para os maiores; os filhos tinham meio de transporte para se locomover; podiam viajar de avião nas férias; estavam tendo acesso à saúde, ainda que de forma precária; alguns filhos que moravam no interior do estado, agora tinham acesso à universidade pública de qualidade; e havia outros benefícios que fizera melhorar consideravelmente a qualidade de vida de seus familiares.
Pecou! Pecou feio para poder manter o casamento. Achava que não manteria a governabilidade de sua casa, sustentar o status, ter o reconhecimento da elite, se não houvesse casado com um filho desta. Fechou os olhos para alguns desvios que seu esposo fez na empresa que trabalhava. Fê-lo porque acreditava que não conseguiria sustentar a casa. Não via outra maneira de garantir os víveres a seus filhos sem a ajuda do amante, ainda que adquirido de formas escusas. Não creu que teria sucesso se tivesse andado em justiça, e falado em retidão, arremessado para longe de si o ganho de opressões, tapado os ouvidos para não ouvir falar de sangue, e fechado os olhos para não ver o mal; habitaria nas alturas, e as fortalezas das rochas seriam seu refúgio. O seu pão lhe seria dado, e as suas águas seriam certas. Essa promessa é dada por Deus por meio do profeta Isaías no capítulo 33, versículos 15 e 16.
O marido descobriu que não precisava mais dela para manter-se. Agora é hora de expulsá-la de casa. Fê-lo de forma vergonhosa. Covarde! Não a amava! Lançou-a de forma abrupta na rua, como uma ladra. O seu erro foi confiar em uma aliança que parecia ser benéfica. Só queria sustentar seus filhos, mas havia também um pouco de vaidade, de ostentação de poder.
O amante assumiu a casa com uma proposta de arrumá-la, mas a sua preocupação era somente com a estrutura que deveria apresentar a seus visitantes e parentes. Para organizá-la, primeiro teria que cortar despesas e sabe quem deveria pagar o preço? Os enteados! Nada de fartura na mesa, basta pão e água; nada de transporte próprio para ir trabalhar ou ir para a escola; nada de faculdade, pois fazê-la é somente para os ricos. Mas o mais absurdo é a proposta de um parente que vai se beneficiar com a economia da morte, quando foi indagado sobre os cortes na saúde: “se cuide para não adoecer”. Interessante! Ouvi de uma funcionária pública, que sua chefa teve a petulância de pedir que avisasse com antecedência que iria entrar com atestado para não comprometer o cronograma. É possível onde não há saúde preventiva, prever que vai adoecer?
Conheço pessoas que para viver o luxo; não comem com qualidade; não fazem um passeio com os filhos; matriculam os filhos em escolas públicas, se bem que a escola pública deveria ter qualidade para acolher ricos e pobres, pois já a pagamos com nossos impostos. Será essa a intenção do padrasto? Será que vai enxugar as contas da casa, eximindo-se do cuidado aos enteados? Morra o bucho!
Francisco Fernandes

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