Perú: aprueba polémica ley de "muerte civil" para políticos y funcionarios corruptos
Lima, 26 de noviembre de 2016
Devido a reiterados casos de corrupção que sacodem a administração pública no Peru, o governo de Pedro Pablo Kuczynski aprovou nesta quarta-feira a lei de "morte civil" para funcionários públicos que cometem crimes.
Fiquei imaginando uma lei dessas em nosso país, isso se houvesse mesmo impunidade no Brasil. Imaginei alguns membros das receitas federal e estaduais, policiais militares federais e estaduais, policiais civis ou qualquer outro funcionário público; corruptos, sendo exonerados e nunca mais podendo concorrer a um emprego público. Imaginei ainda mais alto: com políticos e magistrados sujos de mãos e de coração, sendo banidos para sempre da política e dos tribunais, pois parece que aqui o crime compensa, já que juntar dinheiro em paraísos fiscais, passar cinco ou dez anos preso e sair para gozar das benesses do roubo, para quem não tem vergonha na cara, é uma maravilha.
A expressão "brasileiro tem memória curta" dá ares de lugar comum, mas é a que melhor descreve o esquecimento que passamos quando somos coagidos a ir às urnas. Olvidar o passado recente de muitos candidatos é comum entre "nobres" e "plebeus". O primeiro governador a ser preso no país, o primeiro senador da República a ser cassado pelos colegas e um ex-senador que renunciou ao mandato para escapar da cassação estavam, oficialmente, de volta nas eleições de 2014.
Outro lapso de memória foi o do povo alagoano, que em 2006 trouxe das cinzas ao senado brasileiro um ex-presidente que renunciou após ser vítima de impeachment. Às vezes creio que o eleitorado brasileiro sofre de uma espécie de Alzheimer político, ou será somente saudades das senzalas ou dos currais do coronelismo?
Não gostaria de clamar por um código de Hamurabi para nossos corruptos, pois assim, surgiria um novo ramo empresarial da construção civil, a edificação de muitas necrópoles e o surgimento de mais um propinoduto. Não somente porque seria um avultar do mal, mas porque sou veementemente contra a pena de morte. Esta é uma forma anticristã de condenação, haja vista ser uma infração do sexto mandamento (não matarás), principalmente, em um país onde sempre é o pobre, o assalariado, que paga o preço dos desmandos políticos. Também seriam esses os únicos a amargar os rigores de tal lei.
Não sei se o nosso vizinho, Peru, saberá cumprir essa legislação a contento. Se o sistema é tão desacreditado tal qual o nosso. Se há também lá, um "jeitinho peruano". Se for assim, será somente um gorgolejo; glu, glu, glu.
Francisco Fernandes
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