quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Congregação dos Justos?

“Pelo que os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos”.
Fomos surpreendidos pela formação de uma congregação para gerência patrimonial da educação municipal. Medida essa que tem deixado gestores, funcionários e professores em polvorosa, já que meche diretamente na contabilidade das escolas, no controle dos gastos.
O salmista utiliza-se do termo, congregação, para definir o agrupamento dos justos de Deus, momento de louvor, de festa, confraternização; tornando-se hoje uma terminologia quase que exclusiva do contexto religioso. Congregar-se significa juntar-se, reunir-se, ligar-se; geralmente relacionado à reunião religiosa.
Não sabemos qual a verdadeira intensão dos gestores responsáveis pela nomenclatura e por sua funcionalidade. O certo é que fere o conceito usado hoje para expressar o lugar ou o ato de se estar em harmonia, em paz! A ideia pode ter vindo de um membro de origem congregacional, mas acho pouco provável, pois estes primam pela democracia, pelo voto direto de todos os membros, em que a assembleia tem a decisão final. Caso tenha partido de um presbiteriano, o governo residiria no conselho da igreja (escola), que é composto por presbíteros, delegados, eleitos pela mesma para exercício do mandato. Parece que seu idealizador tem origem no governo episcopal, pois neste, o poder de mando está centrado nos bispos, que são designados por um colégio formado por eles. Estes governam sem o concurso daqueles que fazem parte da igreja (escola). Só falta cobrar dos membros, o dízimo! Não querendo entrar nos méritos deste uso veterotestamentário de contribuição congregacional, pois aos professores, escancarada e absurdamente, já lhes são surrupiados os direitos a salários dignos, a reajustes compatíveis e a “otras cositas más".
Dá para entender a origem de alguns termos usados para as bandas de cá? Talvez não se compreenda a origem das nomenclaturas, mas as intenções dos corações, sim. Já que se tem agora a quem culpar pela “quebradeira do país”, o PT e seus dois governos, então, hoje a ordem é cortar despesas independente das consequências que trarão à educação e aos demais segmentos que deveriam velar pelo bem-estar do cidadão. Sem querer espiritualizar a coisa, o certo é que as implicações de tal congregação estão muito mais para inferno do que para céu.
Francisco Fernandes

Maracanaú, 27 de outubro de 2016.

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