domingo, 16 de outubro de 2016

E o salário, ó...

As atuais medidas propostas pelo governo federal a respeito da educação e a falta de reconhecimento salarial à classe profissional são motivos para não comemorar o dia dos professores. Tal profissional parece ser um peso insuportável para os gestores políticos carregarem.
Quando os bancos entram em greve compromete o crédito e as transações, relações que são fundamentais para manter o mercado rápido e competitivo. Afinal, até o dinheirinho do professor pode ficar preso. Se a greve é da polícia as consequências são desastrosas, pois podem servir de estopim para uma assombrosa onda de criminalidade. Também o professor, que já não tem segurança na própria escola onde trabalha, corre o risco de nem ir trabalhar. Quando os médicos param é um Deus-nos-acuda! Imaginem o sofrimento a ser amargado por aqueles que dependem exclusivamente dos postos de saúde pública para minimizar seus males. Homens e mulheres, velhos e crianças, muitos até chorando, desesperados por não serem atendidos pelo médico. A maioria dos professores não pode pagar um bom plano de saúde. E aí, como fica? Mas quando o professor entra em greve é uma festa! Os alunos acham uma maravilha, pois são férias antecipadas. Os gestores não se preocupam muito, uma vez que deverão ser pagos os duzentos dias letivos de qualquer forma. Enfim, professores sim, mas alunos não podem ficar no prejuízo.
O Brasil, segundo o governo golpista que se instaurou, está quebrado. Quem vai pagar uma grande parte da conta? O professor! Já que os cortes na educação refletem diretamente na atuação dele. “Contenção de despesas! Liguem a central de ar (quando tem) somente na parte da tarde, quando esquenta mais. As avaliações não podem mais ser impressas, copiem no quadro. Não tem dinheiro para pincel, a avaliação vai ser ditada”. Isso é o básico do básico, pois dinheiro para investimento em tecnologia, nem pensar! Sabemos que os jovens têm uma grande afinidade com as TIC e, diga-se de passagem, uma aula audiovisual, em um ambiente confortável, quem não gostaria? Onde estão as tecnologias? Onde ficarão os investimentos em livros literários, que estimulam a criticidade e a interpretação textual?
“Quem quer dar aula faz isso por gosto, e não pelo salário. Se quer ganhar melhor, pede demissão e vai para o ensino privado". São palavras do "excelentíssimo" ex-governador do Ceará, Cid Gomes. É verdade! Se presidente, governadores, prefeitos, governassem por amor; se senadores, deputado, vereadores, legislassem por amor; e se magistrados julgassem por amor; a classe docente não seria um peso tão grande para os cofres da nação. O Brasil não estaria quebrado!
Ser professor é sim, uma profissão de amor, mas hoje não tenho motivo para comemorar!  

Francisco Fernandes

4 comentários:

  1. A despeito de nossas angústias, trabalhamos sim por amor. Belas palavras Francisco!

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    1. Se não fora por amor, cara amiga, não faríamos o bom trabalho que fazemos, mas gostaria de ganhar pelo menos a metade que um médico ganha! kkkkkk

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  2. Seu texto na íntegra é uma grande verdade, Francisco Fernandes. Gostei muito do seu artigo e mais ainda do seu Blog. Visite também meu Blog http://arteepoesia.com/ e deixe seu comentário.

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