Estocolmo
Estocolmo
é a maior cidade da Suécia e a sede de seu governo. Figura como uma das cidades
mais visitadas dos países nórdicos, com mais de um milhão de turistas
internacionais por ano. É citada como
uma das cidades mais desejadas para habitação do mundo, por ser limpa,
organizada e segura.
A
famosa e bela cidade sueca dá nome a uma síndrome um tanto curiosa, Síndrome de
Estocolmo. Recebe a designação por causa de um assalto ocorrido em um banco do seu
centro comercial que durou de 23 a 28 de agosto de 1973. O curioso dessa ação
criminosa é que não foram os requintes de crueldade ou os traumas pós-crime que
a marcaram no cenário internacional, mas em as vítimas continuarem a defender
seus raptores, inclusive nos processos judiciais que se seguiram.
A
síndrome de Estocolmo é um estado psicológico em que uma vítima, submetida a um
longo tempo de sequestro, passa a ter sentimentos de amor, de paixão, a seu
sequestrador. Confesso aos meus leitores que sofro desse distúrbio psicológico,
pois fui vítima de um sequestro e, de forma inexplicável, apaixonei-me pela
minha algoz, minha sequestradora. É incrível como se pode gostar tanto de alguém
que nos aprisiona, nos castiga, nos sufoca. Sou deverasmente alucinado por ela.
Digo que vou esquecê-la, que vou tentar ocupar meu coração com algo mais
rentável, que me valorize mais, que não me sufoque tanto, mas há sempre uma recaída,
e vocês sabem que depois da briga a reconciliação é de um sabor indescritível,
pois são nesses momentos de prazer que se olvida do descaso, da desvalorização,
do desrespeito, das injustiças. Paixão é paixão!
Esse
relacionamento conturbado, cheio de encontros e desencontros, se bem que
ultimamente tem ocorrido muito mais desencontros, tem nos proporcionado muitos
rebentos. São muitos os nossos frutos! Triste é quando se descobre que muitos
de nossos filhos herdam as características negativa da sequestradora. São vitimados
pelo descaso e falta de investimento no parceiro, em mim, para que proporcione
melhores condições de serem cidadãos educados; investimento na nossa casa, para
que eles tenham conforto, ambiente adequado para aprendizagem e para que se
sintam com vontade de ficar, de não evadir. Não sei o que ela faz com tanto
dinheiro! Acho que gasta com amantes, pois o dinheiro que consegue, vai ficando
em outras atividades, certamente ilícitas, e quando chega aqui em casa, é uma
merreca!
Mesmo
com todos esses problemas que nos assolam desde sempre, tenho uns lampejos de
alegria, de prazer, de dever cumprido; pois alguns de nossos frutos conseguem
abstrair conhecimentos, transcender os obstáculos do descuro, da omissão, da
negligência; alçar voos mais altos, tornando-se verdadeiros cidadãos. Acredito que
é o que me mantem preso à minha sequestradora.
Às
vezes penso que se não tivesse ido, quando ainda fazia faculdade, para aquele
estágio obrigatório de Língua portuguesa, não teria sido sequestrado. Foi ali,
naquela escola de Ensino Médio que ela prendeu meu coração, escravizou minha
mente, seduziu-me por inteiro e até hoje me mantem cativo de seus encantos e
confiante na sua reabilitação, na sua mudança. Continuamos aqui, eu e nossos
filhos, esperando a sua transformação, bradando pelo seu verdadeiro amor. Meu
nome é Professor.
Fortaleza, 24 de junho de 2017
Francisco Fernandes
Lindo texto! Me emocionei, identifiquei.
ResponderExcluirPara nós, Priscila!
ExcluirParabéns! Excelente texto.Relata exatamente o nosso cotidiano.
ResponderExcluirValeu, Airton!
ExcluirValeu, Airton!
ExcluirBelo texto. Parabéns Professor.
ResponderExcluirOlá! Grato, Eliana!
Excluir