terça-feira, 27 de setembro de 2016

Nem mel, nem cabaça

A luta entre a razão e a emoção é o que descreve usualmente os conflitos internos, e originam um turbilhão de emoções e pensamentos incomodativos. É esse tipo de sentimento que está permeando as mentes honestas de pessoas que não desejam mais regressar às amarras da ditadura, muito menos ao neoliberalismo dos seus filhotes. Também não se sentem confortáveis com a teia de corrupção em que se envolveu a promessa salvífica dos trabalhistas do Brasil, aqueles que eram esquerda ao modelo anterior.
O sábio rei Salomão nos diz em seus provérbios, que são abomináveis, tanto quem inocenta o culpado, como o que condena o justo. Então, o que fazer? É o grande paradoxo da atual política brasileira. O que é melhor para o Brasil? Alguém que, mesmo sem provas concretas, surrupiou aproximadamente 3 milhões de reais para reforma de sítio e compra de apartamento ou aqueles que, ao longo de uma imensa carreira política, vêm aumentando seus patrimônios e engordando suas contas na Suíça? Parece que estamos entre uma fera faminta e um abismo. Este, feito de ilegalidades e alianças escusas, aqueles, famintos para saciar a fome de dinheiro público.
Somos, literalmente, vítimas do “nem mel nem cabaça”. Sem caixa dois do PT, nem FIES, nem ProUni, nem aposentadoria, nem reajuste de piso salarial. Com reforma do Ensino Médio, mas sem consulta aos profissionais da educação, nem aos técnicos, nem muito menos aos maiores interessados, pais e alunos. O “nem”, apesar de ser uma conjunção aditiva, é a adição do “não” (= e não). É a politica da conjunção “nem”.
José do Egito foi o maior exemplo de estadista da antiguidade descrita na Bíblia, pois se manteve incorruptível, ainda que a consequência fosse o cárcere. Como José, Daniel também teve grande destaque em terra estranha. Ele não se banqueteou com os manjares da Babilônia, coisa que nossos representantes, mesmo que bem intencionados, não têm autocontrole para eximir-se das influências do sistema neobabilônico. Assim, amargamos as consequências dos desmandos dessa raça de ladrões que usurpam, não somente os nossos bolsos, mas também a nossa esperança de liberdade.
O povo está exaurido por causa dos conflitos que vive. Em quem votar? Naquele que nem rouba, nem faz ou naquele que rouba, mas faz? Parece que não existe a opção NDA (nenhuma das alternativas). Na primeira não há possibilidades de continuidade política, mas na segunda há uma perpetuação da maquiavelice.
O que é melhor? A aditiva (nem) ou a adversativa (mas)? A esperança do estropiado povo brasileiro deve estar em outra conjunção, a alternativa “ou... ou”. Ou anda na linha ou... Já é hora de despertar para o uso da nossa mais poderosa arma, o voto!

Francisco Fernandes

9 comentários:

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    1. Malhar se tornou um termo referente à atividade física de exibição do corpo, mas malhar pode ser também uma atividade de exercício da indignação política. Abraço, colega!

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  2. Texto maravilhoso!!! Você descreveu perfeitamente a situação que vivemos no momento. Parabéns!!!

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    1. Opa, Naiara! São essas situações indignantes que suscitam textos interessantes. Não é à toa que o período da ditadura militar foi o maior celeiro de produções literárias.

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