terça-feira, 8 de novembro de 2016

Sola Gratia

Impressiona-te com as estratégias que vês no grupo chamado bancada evangélica? Sabes que não é em nome do cristianismo que eles trabalham, mas em prol de uma ascensão ao poder, ao mando, ao dinheiro, que desde cedo tenho te instruído que o amor a ele é a raiz de todos os males, como diz Paulo a Timóteo. Mas também deves atentar que, por gerar todos os males, não deve ser motivo para entrares no comodismo, portando-te tal qual o verso do hino nacional, “deitado em berço esplêndido”. O esplendor do teu descanso deverá ser a graça inefável do Pai celestial, confiando na sua soberania e crendo que te sustentará, coisa que os tais “representantes evangélicos” não compreenderam ou a ostentação do poder já roeu suas inocências. A esta te aconselhei, quando te falava da passagem em que Jesus dizia que para ganhar o reino de Deus terias que ser como criança, lembra-te?
Sabias que eles começaram sorrateiramente pelas câmaras de deputados, adentraram ao senado, recentemente conquistaram a prefeitura da mais famosa capital brasileira, o Rio de Janeiro? Foi sim, mas o plano é bem mais audacioso. Segundo a pesquisadora da Universidade Federal Fluminense, Christina Vidal, 42, a estratégia do PRB (Partido Republicano Brasileiro) é conseguir a presidência da República para barrar no Supremo Tribunal Federal temas de minorias – como a pauta gay, aprovação do aborto etc. – que trava embates com esses religiosos. Somente balela! O alvo é nada mais que o poder. Poder que jamais vislumbrarás nos ensinamentos dos cristãos primitivos. Já viste isso na Bíblia? É verdade que essas causas são importantes para as famílias cristãs tradicionais, mas o arvorar dessas bandeiras parece servir somente de meio para conquistar os votos inocentes dos adeptos.
Estudiosos têm reconhecido a contribuição prestada pelo movimento calvinista ao aperfeiçoamento das instituições políticas do mundo ocidental. Obviamente, a consciência cristã influenciou na queda de muitos poderes totalitários e embasou a constituição das maiores potências mundiais. A experiência de cristãos puritanos na Nova Inglaterra (Estados Unidos) embasou a tradição política norte-americana por diversas razões, pois lideres destacados como John Cotton, John Winthrop e outros, influenciaram a sociedade, a política; contribuíram com a democracia; deram ênfase à educação e à energia moral. Deves atentar bem para isto: ênfase à energia moral. Mesmo com todas as falhas, passíveis ao ser humano, a intenção sempre foi o bem-estar do povo.
Acreditas que esses “representantes evangélicos” estão preocupados com o bem-estar, ainda que seja somente com seus domésticos da fé? Particularmente, sou cristão, mas eles não me representam. Representam a ti? Quando contemplo os meios de conquista; as estratégias de caixa dois; o uso da máquina política em prol da eleição; os conchaves com lideranças oligárquicas e corruptas; e as estratégias diabólicas para a governabilidade no sistema político brasileiro; acredito menos em tais representantes!
Aconselho-te a esperar o reino prometido por Deus.
Sola Fide.
Sola Scriptura.
Solus Christus.
Sola Gratia.
Soli Deo gloria.

Francisco Fernandes

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Vai fazer o ENEM? E NEM eu!

Quando comecei a lecionar espanhol, em 2009, era tudo uma grande novidade. Tudo começou com a obrigatoriedade da disciplina no Ensino Médio, com a lei nº 11. 161/2005, que estabeleceu a inclusão da Língua Espanhola no Ensino Médio, concedendo aos estados um prazo de cinco anos para conclusão do processo de implantação da oferta, isso para 2010, quando entrou em vigor. Consecutivamente passou a fazer parte do caderno de questões da área de Linguagens e códigos no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). No início percebi que os alunos não o levavam tão a sério como hoje. Existiam, inclusive, algumas brincadeiras que terciam sobre a avaliação; “Nem vou fazer o ENEM” dizia um aluno e o outro respondia “E NEM eu”. Isso se tornou irritante para os professores, como a maioria das invencionices juvenis na escola. “Vai fazer o ENEM E NEM estuda”, diziam em tom de piada para os menos estudiosos. Havia também, em uma das instituições de ensino que tive o prazer de trabalhar, um zelador com a alcunha de NEM. Ele era motivo de diversão nos horários de intervalo do alunado sobre o tão famigerado exame. “Ê NEM, vai fazer o ENEM?”, ele respondia NAM. “E NEM eu”. Mais uma forma de rejeição à terrível maratona de “provas”. Hoje percebo que a sigla passou a fazer parte do dia a dia, não somente de alunos do Ensino Médio, mas também do Ensino Fundamental, pois há alunos que o realizam, em forma de teste, a partir desta faze.
É incrível a facilidade com que nossos gestores cambiam de ideias, pois até a menos de uma década a Língua Espanhola era imprescindível para a educação básica do brasileiro e, diga-se de passagem, a única com lei específica para a sua aplicação. Agora, com a nova proposta de reforma do Ensino Médio será relegada a simplesmente um idioma de países subdesenvolvidos, já que a prioridade é sempre para a introdução de costumes e culturas dos opressores. Reconhecer a importância da língua dos nossos vizinhos sul-americanos e oficial em 22 países não é importante para a “grande alavancada” do novo “governo salvador da pátria”.
O ENEM foi uma grande iniciativa do governo nacional, que oportunizou a universalização e interiorização das universidades públicas; acesso às universidades públicas e particulares; certificação do Ensino Médio; intercâmbio internacional. Tudo isso, abrindo oportunidades para aqueles que jamais poderiam sair de seus municípios para galgar uma vaga em qualquer universidade de qualquer estado da união. Como ele ficará? Uma incógnita!
  Temo que o aluno do interior deste continental país continue a perguntar “Vai fazer o E NEM?”. Agora, não mais por motivo de “zoação” ou medo do bicho-papão da prova, mas por não ter condições de sair de sua cidade longínqua, para sofrer as grandes concorrências das universidades públicas, filão que outrora pertencia somente às elites.
E sobre as ocupações das escolas públicas, sem querer entrar no mérito de que seja certo ou não, porque não fizeram a mesma logística realizada nas eleições municipais deste ano? Lógico, eleger politiqueiros é mais importante que formar políticos. Talvez por isso a ideologia “escola sem partido” se preocupa tanto com a doutrinação dos alunos!   


Francisco Fernandes

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Má Núpcia

Ela estava indo até bem quando resolveu casar, pensando que resolveria alguns problemas financeiros e outros de relacionamentos, pois era de família pobre e não tinha acesso às rodas sociais, à elite, ambição que, inevitavelmente, sufoca a vida de um emergente.  Decidiu assumir um jugo desigual, não atentando para o fato de que, confeccionar roupa de linho e lã não é aconselhável, pois um é adequado ao calor e a outra, ao frio. Colocar um boi e um burro em uma mesma canga não seria a forma adequada de realizar um trabalho profícuo. São animais de naturezas distintas e, inevitavelmente, causariam um grande desastre. Assim foi sua aliança.
Mas tudo bem! Mesmo com o desastroso ajuntamento ia conseguindo administrar sua casa; colocar comida na mesa; pagar escola para os pequenos e faculdade para os maiores; os filhos tinham meio de transporte para se locomover; podiam viajar de avião nas férias; estavam tendo acesso à saúde, ainda que de forma precária; alguns filhos que moravam no interior do estado, agora tinham acesso à universidade pública de qualidade; e havia outros benefícios que fizera melhorar consideravelmente a qualidade de vida de seus familiares.
Pecou! Pecou feio para poder manter o casamento. Achava que não manteria a governabilidade de sua casa, sustentar o status, ter o reconhecimento da elite, se não houvesse casado com um filho desta. Fechou os olhos para alguns desvios que seu esposo fez na empresa que trabalhava. Fê-lo porque acreditava que não conseguiria sustentar a casa. Não via outra maneira de garantir os víveres a seus filhos sem a ajuda do amante, ainda que adquirido de formas escusas. Não creu que teria sucesso se tivesse andado em justiça, e falado em retidão, arremessado para longe de si o ganho de opressões, tapado os ouvidos para não ouvir falar de sangue, e fechado os olhos para não ver o mal; habitaria nas alturas, e as fortalezas das rochas seriam seu refúgio. O seu pão lhe seria dado, e as suas águas seriam certas. Essa promessa é dada por Deus por meio do profeta Isaías no capítulo 33, versículos 15 e 16.
O marido descobriu que não precisava mais dela para manter-se. Agora é hora de expulsá-la de casa. Fê-lo de forma vergonhosa. Covarde! Não a amava! Lançou-a de forma abrupta na rua, como uma ladra. O seu erro foi confiar em uma aliança que parecia ser benéfica. Só queria sustentar seus filhos, mas havia também um pouco de vaidade, de ostentação de poder.
O amante assumiu a casa com uma proposta de arrumá-la, mas a sua preocupação era somente com a estrutura que deveria apresentar a seus visitantes e parentes. Para organizá-la, primeiro teria que cortar despesas e sabe quem deveria pagar o preço? Os enteados! Nada de fartura na mesa, basta pão e água; nada de transporte próprio para ir trabalhar ou ir para a escola; nada de faculdade, pois fazê-la é somente para os ricos. Mas o mais absurdo é a proposta de um parente que vai se beneficiar com a economia da morte, quando foi indagado sobre os cortes na saúde: “se cuide para não adoecer”. Interessante! Ouvi de uma funcionária pública, que sua chefa teve a petulância de pedir que avisasse com antecedência que iria entrar com atestado para não comprometer o cronograma. É possível onde não há saúde preventiva, prever que vai adoecer?
Conheço pessoas que para viver o luxo; não comem com qualidade; não fazem um passeio com os filhos; matriculam os filhos em escolas públicas, se bem que a escola pública deveria ter qualidade para acolher ricos e pobres, pois já a pagamos com nossos impostos. Será essa a intenção do padrasto? Será que vai enxugar as contas da casa, eximindo-se do cuidado aos enteados? Morra o bucho!
Francisco Fernandes

domingo, 30 de outubro de 2016


Perú: aprueba polémica ley de "muerte civil" para políticos y funcionarios corruptos 

Lima, 26 de noviembre de 2016

Devido a reiterados casos de corrupção que sacodem a administração pública no Peru, o governo de Pedro Pablo Kuczynski aprovou nesta quarta-feira a lei de "morte civil" para funcionários públicos que cometem crimes.
Fiquei imaginando uma lei dessas em nosso país, isso se houvesse mesmo impunidade no Brasil. Imaginei alguns membros das receitas federal e estaduais, policiais militares federais e estaduais, policiais civis ou qualquer outro funcionário público; corruptos, sendo exonerados e nunca mais podendo concorrer a um emprego público. Imaginei ainda mais alto: com políticos e magistrados sujos de mãos e de coração, sendo banidos para sempre da política e dos tribunais, pois parece que aqui o crime compensa, já que juntar dinheiro em paraísos fiscais, passar cinco ou dez anos preso e sair para gozar das benesses do roubo, para quem não tem vergonha na cara, é uma maravilha.
A expressão "brasileiro tem memória curta" dá ares de lugar comum, mas é a que melhor descreve o esquecimento que passamos quando somos coagidos a ir às urnas. Olvidar o passado recente de muitos candidatos é comum entre "nobres" e "plebeus". O primeiro governador a ser preso no país, o primeiro senador da República a ser cassado pelos colegas e um ex-senador que renunciou ao mandato para escapar da cassação estavam, oficialmente, de volta nas eleições de 2014.
Outro lapso de memória foi o do povo alagoano, que em 2006 trouxe das cinzas ao senado brasileiro um ex-presidente que renunciou após ser vítima de impeachment. Às vezes creio que o eleitorado brasileiro sofre de uma espécie de Alzheimer político, ou será somente saudades das senzalas ou dos currais do coronelismo?
Não gostaria de clamar por um código de Hamurabi para nossos corruptos, pois assim, surgiria um novo ramo empresarial da construção civil, a edificação de muitas necrópoles e o surgimento de mais um propinoduto. Não somente porque seria um avultar do mal, mas porque sou veementemente contra a pena de morte. Esta é uma forma anticristã de condenação, haja vista ser uma infração do sexto mandamento (não matarás), principalmente, em um país onde sempre é o pobre, o assalariado, que paga o preço dos desmandos políticos. Também seriam esses os únicos a amargar os rigores de tal lei.
Não sei se o nosso vizinho, Peru, saberá cumprir essa legislação a contento. Se o sistema é tão desacreditado tal qual o nosso. Se há também lá, um "jeitinho peruano". Se for assim, será somente um gorgolejo; glu, glu, glu.

Francisco Fernandes


       

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Congregação dos Justos?

“Pelo que os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos”.
Fomos surpreendidos pela formação de uma congregação para gerência patrimonial da educação municipal. Medida essa que tem deixado gestores, funcionários e professores em polvorosa, já que meche diretamente na contabilidade das escolas, no controle dos gastos.
O salmista utiliza-se do termo, congregação, para definir o agrupamento dos justos de Deus, momento de louvor, de festa, confraternização; tornando-se hoje uma terminologia quase que exclusiva do contexto religioso. Congregar-se significa juntar-se, reunir-se, ligar-se; geralmente relacionado à reunião religiosa.
Não sabemos qual a verdadeira intensão dos gestores responsáveis pela nomenclatura e por sua funcionalidade. O certo é que fere o conceito usado hoje para expressar o lugar ou o ato de se estar em harmonia, em paz! A ideia pode ter vindo de um membro de origem congregacional, mas acho pouco provável, pois estes primam pela democracia, pelo voto direto de todos os membros, em que a assembleia tem a decisão final. Caso tenha partido de um presbiteriano, o governo residiria no conselho da igreja (escola), que é composto por presbíteros, delegados, eleitos pela mesma para exercício do mandato. Parece que seu idealizador tem origem no governo episcopal, pois neste, o poder de mando está centrado nos bispos, que são designados por um colégio formado por eles. Estes governam sem o concurso daqueles que fazem parte da igreja (escola). Só falta cobrar dos membros, o dízimo! Não querendo entrar nos méritos deste uso veterotestamentário de contribuição congregacional, pois aos professores, escancarada e absurdamente, já lhes são surrupiados os direitos a salários dignos, a reajustes compatíveis e a “otras cositas más".
Dá para entender a origem de alguns termos usados para as bandas de cá? Talvez não se compreenda a origem das nomenclaturas, mas as intenções dos corações, sim. Já que se tem agora a quem culpar pela “quebradeira do país”, o PT e seus dois governos, então, hoje a ordem é cortar despesas independente das consequências que trarão à educação e aos demais segmentos que deveriam velar pelo bem-estar do cidadão. Sem querer espiritualizar a coisa, o certo é que as implicações de tal congregação estão muito mais para inferno do que para céu.
Francisco Fernandes

Maracanaú, 27 de outubro de 2016.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

A Marcha Vitoriosa

Cabelos crespos, magra, de altura mediana e uma beleza própria, oriunda de sua simpatia e simplicidade, características não muito comuns a seu grupo de colegas de aula. Sempre foi a primeira da turma, qualidade que fizera atrair a simpatia de alguns professores e alunos. Apenas queria desfilar nas comemorações de Sete de Setembro, dia da pátria.
O problema era uma repetição do que ocorrera na infância de seu pai. Só que às avessas, já que ele detestava marchar. Sofrera discriminação muito mais severa, haja vista ter estudado toda a sua educação básica no período da ditadura militar. Nas paradas do dia da pátria era obrigatório desfilar, pena que, por ser “baixinho”, tinha que ficar nos últimos lugares, na “rabada”, sem considerar ser alvejado com chupas de laranjas. Falar a ela de seu sofrimento pregresso não servia de consolo.
Mas desfilar não é para todos! Há uma seleção para aqueles que desejam arvorar a bandeira nacional; ostentar o escudo da escola; comemorar uma independência que não existe. Não existe porque se continua cativo dos colonizadores; escravo das convenções europeizadas, pois o padrão de beleza continua sendo o do europeu. Desfilar somente estes, os que têm altura adequada, cútis clara, cabelos loiros e lisos, descendência nobre ou ser emergente. Eis a pergunta: quem não tem sangue indígena ou não tem um pé na senzala? A seleção é cruel e excludente, como a maioria delas em nosso país. Ela ficou triste, decepcionada, mas se conscientizou de que tudo nesse mundo é perecível. “Tudo passa, mas as minhas palavras não passarão”, disse Jesus.
Os princípios cristãos, impressos em seu coraçãozinho desde idade mais tenra, foram suficientes para dissipar toda nuvem de decepção, frustação e complexo. Sua mamãe sempre disse que os valores deste mundo não podem, em hipótese alguma, suplantar a glória do porvir. Paulo diz que o que há preparado para os cristãos, nem olho viu, nem ouvido ouviu, nem subiu ao coração do homem. Quem estipulou os critérios de beleza? Quais são os valores dessa sociedade interesseira?  Quais os méritos para o pódio social? Seriam as ações “bajulatórias”?
Anula-se a Cruz de Cristo! Passar pelo seu crivo é renunciar valores que a maioria admite prioridade, o ter em detrimento do ser. A crucificação nulifica o orgulho, desfaz as vaidades, mata o velho homem com seus padrões forjados nos interesses próprios.
Ela não desfilou nas ruas da amada pátria Brasil, mas desfila altaneiramente nas estradas da vida cristã e cresce sabendo que palmilhará os caminhos de ouro da Jerusalém celestial.
Seu hino: Pátria amada, aguardada, o Céu!
Francisco Fernandes

7 de setembro de 2016 

domingo, 16 de outubro de 2016

E o salário, ó...

As atuais medidas propostas pelo governo federal a respeito da educação e a falta de reconhecimento salarial à classe profissional são motivos para não comemorar o dia dos professores. Tal profissional parece ser um peso insuportável para os gestores políticos carregarem.
Quando os bancos entram em greve compromete o crédito e as transações, relações que são fundamentais para manter o mercado rápido e competitivo. Afinal, até o dinheirinho do professor pode ficar preso. Se a greve é da polícia as consequências são desastrosas, pois podem servir de estopim para uma assombrosa onda de criminalidade. Também o professor, que já não tem segurança na própria escola onde trabalha, corre o risco de nem ir trabalhar. Quando os médicos param é um Deus-nos-acuda! Imaginem o sofrimento a ser amargado por aqueles que dependem exclusivamente dos postos de saúde pública para minimizar seus males. Homens e mulheres, velhos e crianças, muitos até chorando, desesperados por não serem atendidos pelo médico. A maioria dos professores não pode pagar um bom plano de saúde. E aí, como fica? Mas quando o professor entra em greve é uma festa! Os alunos acham uma maravilha, pois são férias antecipadas. Os gestores não se preocupam muito, uma vez que deverão ser pagos os duzentos dias letivos de qualquer forma. Enfim, professores sim, mas alunos não podem ficar no prejuízo.
O Brasil, segundo o governo golpista que se instaurou, está quebrado. Quem vai pagar uma grande parte da conta? O professor! Já que os cortes na educação refletem diretamente na atuação dele. “Contenção de despesas! Liguem a central de ar (quando tem) somente na parte da tarde, quando esquenta mais. As avaliações não podem mais ser impressas, copiem no quadro. Não tem dinheiro para pincel, a avaliação vai ser ditada”. Isso é o básico do básico, pois dinheiro para investimento em tecnologia, nem pensar! Sabemos que os jovens têm uma grande afinidade com as TIC e, diga-se de passagem, uma aula audiovisual, em um ambiente confortável, quem não gostaria? Onde estão as tecnologias? Onde ficarão os investimentos em livros literários, que estimulam a criticidade e a interpretação textual?
“Quem quer dar aula faz isso por gosto, e não pelo salário. Se quer ganhar melhor, pede demissão e vai para o ensino privado". São palavras do "excelentíssimo" ex-governador do Ceará, Cid Gomes. É verdade! Se presidente, governadores, prefeitos, governassem por amor; se senadores, deputado, vereadores, legislassem por amor; e se magistrados julgassem por amor; a classe docente não seria um peso tão grande para os cofres da nação. O Brasil não estaria quebrado!
Ser professor é sim, uma profissão de amor, mas hoje não tenho motivo para comemorar!  

Francisco Fernandes

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A  Assembleia dos mortos

Os mortos resolveram se reunir em um local onde ninguém pudesse observá-los, nem descobrir o que iriam tramar, pois os planos eram os mais macabros possíveis e não havia lugar melhor do que em um planalto no centro do país.
Estavam os mais terríveis mortos. Eram eles, os mais experientes assaltantes de banco. Aqueles que nunca foram descobertos. Tramavam os mais escabrosos métodos, contando com informações de empregados, com o sequestro dos familiares dos guardas ou dos diretores; e se seria necessário amarrar explosivos nos corpos dos reféns, para intimidá-los mais ainda. Na reunião, contavam com a ajuda dos mais perigosos sequestradores da história da criminologia moderna, que chamariam a atenção pelo requinte de crueldade e pelos nuances psicológicos, onde até poderiam envolver sentimentalmente as suas vítimas (Síndrome de Estocolmo).
Também estavam presentes os mais perigosos ditadores, maquinando como promover o culto à personalidade, uma forma de devoção em que se faz propaganda do líder como uma pessoa perfeita e a como convencer as crianças nas escolas a serem gratas à fonte de todas as bênçãos, eles próprios. Tratavam também de como usar a polícia secreta para espionar os cidadãos de seu país, além de restringir suas ideias, ou eliminá-los completamente. Os ditadores não puderam reunir-se, em hipótese alguma, perto dos líderes religiosos, que estavam presentes com a intenção de dominar os mais ingênuos em suas práticas “espirituais”, pois as atrocidades dos primeiros, não combinariam com as suas ideologias religiosas. Estes últimos se tornariam os mais perigosos, levando em conta que suas práticas enganariam, ludibriariam as boas intenções dos que lançariam toda sua fé e dependência nos seus ensinamentos. O mercado da fé seria um dos maiores males para o mundo a ser dominado por todos esses energúmenos.
Na ala menos importante, pelo menos para os de alta periculosidade, estavam aqueles que pretenderiam ganhar a vida como gigolô, jovem de boa aparência física que se dedica profissionalmente em atender as mulheres ricas com o objetivo de ganhar dinheiro, receber presentes etc. Juntos a eles estavam os mentirosos; os adúlteros; assaltantes; ladrões descuidistas e arrombadores; egoístas, aqueles que elevam seus egos às alturas, fazendo qualquer coisa para consegui-lo; e outros transgressores que, aparentemente, não causariam tanto mal. Engano! “É de pequeno que se torce o pepino”. Os mais perigosos iniciaram com práticas tidas como não muito prejudiciais.  
Havia um grupo peculiar, formado por indivíduos pertencentes a partidos, que se preocupam em obter a aceitação da população para ascender a uma determinada posição e para alcançá-la, não importaria os meios ou métodos. Se possível fariam aliança com todos os demais contraventores reunidos na assembleia do mal. Os tipos de tramoia eram dos mais pérfidos, pois teriam que ofertar uma suposta solução para todos os problemas. Iriam limitar gastos e reajustá-los somente pela inflação por um período de vinte anos. Ofereceriam a solução dos problemas financeiros do país, reduzindo drasticamente da educação, da saúde, da segurança e da infraestrutura. Eita desgraceira!
A assembleia é de mortos! Mas a morte, segundo o cristianismo, tem dois vieses: eles estão mortos para o pecado ou mortos em delitos e pecados?
A morte desses congressistas malignos só seria um alívio ou uma alegria se fosse uma morte para o pecado; "Sabendo isto, que o nossos homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado" (Romanos 6. 6 e 7). A morte de Jesus é também a morte do pecador. Quem dera tais elementos cressem na morte do velho homem, vivenciassem a morte para o pecado!
Parece que a realidade é outra. A morte é outra! Estão mortos em delitos e pecados. "Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor." (Romanos 6. 23).

Francisco Fernandes

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O da questão

Há muito, muito tempo, em uma terra distante, havia um aprazível povoado ao pé de uma grande serra, onde o clima não era muito quente como no sertão nordestino, em que há falta d’água; nem muito frio como nos invernos europeus, onde a geada queima as plantinhas. Era um clima próprio para o plantio de feijão, pois a quantidade certa de chuva era suficiente para regar as raminhas, e os raios suaves de sol, necessários para secá-las. O vento tranquilo daquele local facilitava que os polens voassem de uma plantinha a outra, fazendo que germinassem e produzissem uma boa safra.
A facilidade que existia para se obter bons grãos não era a mesma quando se tratava da eleição de seus representantes, pois havia uma grande dificuldade na organização dos candidatos nos períodos eleitorais. Uns achavam que deveriam ser escolhidos representantes de somente dois grupos, como há em alguns reinos, daqueles que costumam dominar o terceiro mundo; mas outros já pensavam que o número de grupos poderia ser ilimitado, deixando o povo eleger o que fosse melhor para eles. 
As muitas insistências dos representantes comunitários da cidade, das associações de plantadores de feijão e demais grupos organizados, não foram suficientes para convencer os líderes políticos do local em decidir a correta forma de administração partidária.
Foi aí onde surgiu a “impoluta” figura do “salvador da pátria”, Demagogus Júnior, que resolveria o grande impasse político. Era filho do grande líder, Demagogus, peça fundamental na emancipação do município, que havia legado a seu filho toda a tradição e postura política que lhe são características. Demagogus resolveu solucionar o problema buscando ajuda a uma velha senhora, famosa por suas porções mágicas e por ter resolvido muitos outros problemas dessa natureza.
Dona Grecorromânia era uma senhora idosa. Morava em um casebre muito simples, bem no pezinho da serra. Era uma experiente fazedora de porções mágicas e uma grande conhecedora de todas as ervas e plantas medicinais. Procurada pelos camponeses, sempre buscava uma solução simples para resolver os problemas desse povo honesto e trabalhador.
_ Ô de dentro! _ Pergunta Demagogus, batendo na porta de Dona Grecorromânia.
_ Ô de fora! _ Ela respondeu, já se levantando para abrir a porta.
Demagogus entrou ligeiramente na humilde casa da velhinha, e esta, logo iniciou o interrogatório:
_ O que um jovem de tão nobre estirpe deseja dessa velha mulher, que somente conhece os mistérios das plantas e dos bichos do mato?
_ Desejo uma ajuda para solucionar um problema em nossa comunidade. Não sabemos como organizar as ideologias políticas de nossa região. Há muitos pensamentos distintos e as pessoas que pretendem assumir cargos eletivos não sabem como ou a quem se associar. São democratas, republicanos, monarquistas, presidencialistas, parlamentaristas, socialistas, anarquistas, liberais etc. É uma grande celeuma ideológica, sem organização e sem poder de convencimento a seus futuros correligionários. Qual a solução?   
_ Muito bem! _ Disse Dona Grecorromânia. _ Pegue este saquinho com feijões, eles são mágicos, plante-os na entrada da porta da casa de cada líder, e, certamente, terá uma resposta imediata.
Demagogus não perdeu tempo. Antes que o dia amanhecesse, correu à frente das casas, ao pé das portas, e plantou os feijões mágicos.
O Senhor Comunista já acordou proferindo suas ideologias:
_ PPePlo PuPso PcoPmum Pdos Pmeios Pde PproPduPção Pe Pde PtroPca, PpePla PsuPpresPsão Pdas PclasPses PsoPciPais Pe PexPtinPção Pdo PesPtaPdo! PCdoB, PCB... _ Tentava se explicar, mas ninguém conseguia compreender. A aliteração do fonema P impedia a comunicação.
_ PGoPverPno Pdo PpoPvo, PpaPra Po PpoPvo, PpePlo PpoPvo! PSD, PDT... _ Bradava Dr. Democrata, sem também ser compreendido.
O seu primo o Rev. Democrata-cristão, convicto de seus ideais, acordou um pouco mais tarde e não compreendia nem mesmo o que falava. Ficou atônito, pois se achava o mais seguro na defesa de suas ideologias. Reverberava em vão:
_ POs PiPdePais PdePmoPcráPtiPcos Pnão PpoPdem Pser PdisPsoPciPaPdos Pdos PprinPPpios PcrisPtãos! PDC, PSDC...
_ PLiPberPdaPde Pao PinPdiPPduo! PMePnos PpoPdePres Pao PEsPtaPdo, Pmais PpoPder Pao PpriPvaPdo! PSDB, PMDB_ Vibravam os irmãos Neo e Liberal.
Foi um verdadeiro pandemônio naquela pequena vila. Os curiosos corriam para ouvir a nova língua daqueles políticos e especialistas fizeram estudos para saber a sua origem. As crianças, matreiras como são, tentavam aprender o novo idioma.
As famílias abastadas ficaram abestalhadas, sem saber o que fazer. Procuraram os melhores médicos, curandeiros, bruxos, feiticeiros. Gastaram quase todas as suas posses, mas não conseguiram resposta para aquele mal que os acometia. O alento para todo esse problema era a certeza que, quando assumissem os futuros cargos políticos, teriam seus valores de volta, muitas vezes mais. Enfim, Demagogus resolveu retirar o feitiço da velha cachimbeira, voltando tudo quase ao normal.
Ele alcançou seu objetivo. Criaram-se vários grupos chamados de partidos. Os partidaristas, agora “organizados”, seguiram pregando suas ideologias, mas continuaram sem ser entendidos por seus concidadãos. O bom de tudo isso foi a nova brincadeira que as crianças da região aprenderam e difundiram por todo o mundo. A língua do P.


Francisco Fernandes

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Unidos somos um
De Cristo, para Cristo, com Cristo

Na pacata cidade de Neverland, alguns festejam, outros choram, pois acaba de sair o resultado das urnas, após um momento turbulento que divide famílias, amigos e até casais. Uns ficam vermelhos de alegria, outros azuis de raiva e tristeza, até que tudo passe e quase todos voltem à rotina de um pequeno município. Digo “quase” porque há aqueles que continuam vivendo a campanha eleitoral nos ininterruptos quatro anos. Gente tola que ainda não aprendeu que aquele momento é apenas um processo eleitoral, tudo deve passar, voltando todos a ser neverlandenses da mesma forma de antes. Pena que alguns, politicamente infantis, continuam a arrazoar as mesmas discussões de sempre, como se fossem separados, não só ideologicamente, mas de amizade e de direitos citadinos.
“Avermelhados, fazemos mais” ou “Governo Azul, para os azuis, com os azuis”. São as duas únicas coligações da cidade. Incrível como é patente o cisma partidário que se perpetua no lugar, até parecendo que não se pode pensar diferente dos vieses políticos. Governo vermelho para os vermelhos ou governo azul para os azuis? Nunca!
A coligação vitoriosa não pode olvidar-se das necessidades básicas do cidadão, indiscriminadamente. Os cargos de confiança ou comissionados não devem estar atrelados às fidelidades partidárias, mas à competência exigida pela função, afinal, não se necessita de espias, de olheiros. Deve-se escolher líderes competentes e não chefes ou xerifes, que são capazes de vender a própria alma para manter-se na capatazia. São, geralmente, companheiros de classe, até então, comungantes das mesmas ideias, dos mesmos problemas, das mesmas indignações, mas convertidos em bibelôs de repartição.
“Unidos somos um” e “De Cristo, para Cristo, com Cristo” é o modelo proposto pelo cristianismo. Quão bom seria se esses “líderes” tivessem consciência cristã de governo. Egoísmo não haveria, pois não fariam nada por contenda ou por vanglória, mas com humildade cada um consideraria os outros superiores a si mesmo (Filipenses 2.13). Unidade seria a base do relacionamento, porque Cristo é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade (Efésios 2.14). As campanhas seriam honestas, os negócios seriam justos, pois a balança enganosa é abominação para o Senhor; mas o peso justo é o seu prazer (Provérbios 11.1).
Será possível vislumbrar um governo assim? Será que nossa Neverland será sempre uma terra do nunca? Nunca veremos o progresso e lideranças que se levantem, imbuídos de verdadeiro sentimento cristão? Não julgamos alcançar isso, mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, avanço para as que estão adiante (Filipenses 3.13) ¡Arriba, muchachos!


quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O vendedor de contrafações

Li na Bíblia que nos tempos de Jesus havia um homem chamado Zaqueu, corrupto cobrador de impostos. O seu encontro com o Messias foi tão impactante, que se redimiu dos seus erros e prometeu restituir o quádruplo de tudo que havia defraudado. Foi uma verdadeira cura de caráter e prova de que existe solução para o político brasileiro.
Nascido em uma família devotada às tradições políticas e filho de uma das mais influentes oligarquias de uma região do interior nordestino, “Justiniano Lícito” não perdeu tempo em ir à feira municipal, que acontece todos os sábados no centro de sua cidade, para vender ideias aos pretensos candidatos a cargos políticos.
_ Vamos lá, futuros políticos! Saibam como economizar dinheiro público sem cortar gastos.
_ Opa! Estou querendo entrar nessa de candidato, mas só embarco se continuarem as mesmas regalias de então.
_ Não há problemas, amigo! Temos aqui um pacote que garantirá seu futuro político.
_ Custa caro?
_ Nada! Pra nós, não! É só aumentar o tempo de serviço dos trabalhadores para 65 anos. Esperamos morrer a veralhada que está aí, então, vai ser só lucro.
_ Beleza! Quero um pacote desses, mas se não mexer na aposentadoria dos parlamentares, pois tenho que garantir que vou me aposentar cedo e com alto salário, e para isso a previdência tem que estar bem enxutinha.
_ Promoção, promoção! Reforma do Ensino Médio a preço de banana!
_ Ei, moço! Quanto custa essa reforma?
_ Pra nós, nada! Nem precisa aumentar salário, basta oferecer bonificações pelo desempenho dos alunos.
_ Funciona Bem?
_ Bem, bem, não! A gente sabe que o desempenho deles depende de muitos fatores: estrutura das escolas; acompanhamento das famílias e de psicólogos, pois sabemos que, na maioria das vezes, as famílias também são vítimas; formação continuada dos profissionais etc. etc.
_ Vou comprar algo que não funciona?
_ Não funciona pro povão, mas pra nós, sim! A gente economiza o dinheiro dos reajustes salariais e ainda joga a culpa do atraso da educação nos professores. Quem manda não serem médicos?
_ Vou levar! Faz um desconto?
_ Hummmm! Pode levar de brinde a ideia do “notório saber”. Você autoriza dentista que só sabe arrancar dentes a ensinar biologia, advogado de porta de cadeia a ensinar história, contador que não consegue clientes a ensinar matemática, então fica tudo bem! Nem precisa valorizar os licenciados de fato e de direito, e ainda resolve o problema de vacância.
_ Fechado!
Poderíamos clamar pela passagem de Jesus nessa feira, na casa e na vida desse vendedor de contrafações, para que não desempacote mais nenhum despautério desses, que não são poucos. De fato, Ele não passará, como fizera, literalmente, no tempo de Zaqueu, mas seus ensinamentos ainda reverberam com a mesma eficácia e intensidade na conversão de um ladrão. Caráter Cristão não é mérito do homem, mas de Cristo. Como diz Paulo aos filipenses, Ele é o único capaz de tornar o ser humano irrepreensível e sincero, filho de Deus, imaculado no meio de uma geração corrupta e perversa, entre a qual resplandece como luminares no mundo. É possível tal metamorfose? Tudo é possível ao que crer! Crendo, adeus Zaqueu defraudador, adeus vendedor de trambiques, adeus velho homem. Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo (II Coríntios 5. 17)
Francisco Fernandes.




terça-feira, 27 de setembro de 2016

Nem mel, nem cabaça

A luta entre a razão e a emoção é o que descreve usualmente os conflitos internos, e originam um turbilhão de emoções e pensamentos incomodativos. É esse tipo de sentimento que está permeando as mentes honestas de pessoas que não desejam mais regressar às amarras da ditadura, muito menos ao neoliberalismo dos seus filhotes. Também não se sentem confortáveis com a teia de corrupção em que se envolveu a promessa salvífica dos trabalhistas do Brasil, aqueles que eram esquerda ao modelo anterior.
O sábio rei Salomão nos diz em seus provérbios, que são abomináveis, tanto quem inocenta o culpado, como o que condena o justo. Então, o que fazer? É o grande paradoxo da atual política brasileira. O que é melhor para o Brasil? Alguém que, mesmo sem provas concretas, surrupiou aproximadamente 3 milhões de reais para reforma de sítio e compra de apartamento ou aqueles que, ao longo de uma imensa carreira política, vêm aumentando seus patrimônios e engordando suas contas na Suíça? Parece que estamos entre uma fera faminta e um abismo. Este, feito de ilegalidades e alianças escusas, aqueles, famintos para saciar a fome de dinheiro público.
Somos, literalmente, vítimas do “nem mel nem cabaça”. Sem caixa dois do PT, nem FIES, nem ProUni, nem aposentadoria, nem reajuste de piso salarial. Com reforma do Ensino Médio, mas sem consulta aos profissionais da educação, nem aos técnicos, nem muito menos aos maiores interessados, pais e alunos. O “nem”, apesar de ser uma conjunção aditiva, é a adição do “não” (= e não). É a politica da conjunção “nem”.
José do Egito foi o maior exemplo de estadista da antiguidade descrita na Bíblia, pois se manteve incorruptível, ainda que a consequência fosse o cárcere. Como José, Daniel também teve grande destaque em terra estranha. Ele não se banqueteou com os manjares da Babilônia, coisa que nossos representantes, mesmo que bem intencionados, não têm autocontrole para eximir-se das influências do sistema neobabilônico. Assim, amargamos as consequências dos desmandos dessa raça de ladrões que usurpam, não somente os nossos bolsos, mas também a nossa esperança de liberdade.
O povo está exaurido por causa dos conflitos que vive. Em quem votar? Naquele que nem rouba, nem faz ou naquele que rouba, mas faz? Parece que não existe a opção NDA (nenhuma das alternativas). Na primeira não há possibilidades de continuidade política, mas na segunda há uma perpetuação da maquiavelice.
O que é melhor? A aditiva (nem) ou a adversativa (mas)? A esperança do estropiado povo brasileiro deve estar em outra conjunção, a alternativa “ou... ou”. Ou anda na linha ou... Já é hora de despertar para o uso da nossa mais poderosa arma, o voto!

Francisco Fernandes

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Mudinho?
Mudinho, nada! Conheci Antônio na minha escola e ele faz um excelente trabalho de acompanhamento ao aluno surdo. Chegou lá há pouco tempo e logo, logo, adquiriu a admiração de todos os profissionais dessa instituição, pois se comunica com todos e sobre tudo. Habla por los codos, para não dizer, fala pelos cotovelos! Como chamá-lo de mudinho? Esse termo caiu totalmente em desuso e já é comprovado que nem parede pode ser chamada de muda, pois escuta muito bem. Cuidado quando for falar algo secreto. As paredes têm ouvidos e falam até demais! Como é que se chama de mudinho, alguém que se comunica com todos e sobre tudo? Ah! Usei a expressão em espanhol porque meu amigo Antônio fala literalmente e se ouvires a sua voz, o confundirás com um nativo de língua espanhola falando em português. É muito belo!
Como foi que Antônio ficou surdo? A caxumba subiu! Há sempre algumas antíteses que as pessoas do “politicamente correto” consideram como preconceito: branco em vez de preto, liso em vez de enrolado, magro em vez de gordo, subir em vez de descer e etc. Nesta última o nosso amigo Antônio insiste em dizer que subir é melhor.
Acometido de uma doença viral chamada caxumba, que não mata, mas pode provocar a surdez devido o inchaço das glândulas salivares próximas aos ouvidos, ou também, a infertilidade por causa da inflamação dos testículos ou dos ovários; Antônio ficou surdo.
Ainda bem que subiu!!!
Depois de experimentar os sons, ele se deparou com o mundo do silêncio. A tristeza e a depressão foram suas companheiras por um longo tempo. A não aceitação foi terrível! O mundo lhe parecia sem graça, pois se tornou um marasmo onde a trilha sonora era muda aos seus ouvidos. Não era fácil enfrentar a vida!
A autoestima desceu!!!
Sempre inteligente, recebeu convites para trabalhar numa escola de sua localidade, mas se recusava por não se sentir à vontade com a condição de surdez.
A vida de Antônio tornou-se um sobe e desce danado, pois se deparou com um grupo de surdos conversando em língua de sinais, ficou fascinado, pois agora o mundo lhe sorria outra vez. Os sons, as vozes tinham formas, as formas que suas mãos podiam assumir.
A autoestima subiu!!!
Graças à surdez, Antônio pôde agregar novos valores, novos conhecimentos, uma realidade que transformou seu universo em algo melhor, concedendo-lhe oportunidades jamais antes vislumbradas. Como é que não se pode admirar uma pessoa dessas? Instrutor de LIBRAS da EMEIEF Dep. José Martins Rodrigues, aluno do curso de LIBRAS da Universidade Federal do Ceará, um cara amigo e admirado por todos, e além do mais, agora, motoqueiro!
Peço licença para falar um pouco do meu amigo Antônio, porque foi a primeira pessoa que lembrei, quando pensei em homenagear todos os surdos da nossa Escola neste dia que lhes pertence. Parabéns a todos os surdos! Parabéns Antônio!
Ainda bem que a caxumba subiu!


Francisco Fernandes  
Rafaiele Bernardo.

domingo, 25 de setembro de 2016

Que saudade dos pepinos...!

O dia amanheceu. Ela, cansada ainda da maratona de aulas do dia anterior, levanta rejuvenescida, capacidade sobrenatural que é dada a todos os professores, e abre sua Bíblia no capitulo 11 do livro de Números. O texto bíblico fala da saudade que os filhos de Israel tiveram dos pepinos, dos melões, das cebolas, dos alhos que comiam no cativeiro do Egito. Faz a sua oração matinal, toma seu desjejum habitual e sai para a assembleia na câmara dos vereadores de sua cidade, onde decidiriam o reajuste salarial tão esperado e prometido em campanhas eleitorais. Naquela plenária estava a esperança de melhorar o seu tão sofrido salário, que não é condizente com o importante papel que desempenha na sociedade. A multidão de professores em frente à câmara está em polvorosa. O presidente do sindicato, muito confiante, animava o grupo com a certeza de que suas reivindicações seriam aceitas pelos legisladores de seu município.
O presidente da câmara abre a sessão, lê a pauta para a reunião do dia, onde se inclui a tão esperada proposta de reajuste salarial a ser apreciada pelos vereadores. Tudo transcorre sem nenhum problema, até que, o inesperado acontece! A proposta salarial ofertada pelo executivo foi somente de um mísero 6%. A professora, estropiada das oito aulas que lecionara no dia anterior, chora copiosamente, e amargurada por tão grande decepção é remetida ao texto bíblico que houvera lido logo pela manhã – Os filhos de Israel sentiram saudades dos pepinos, dos melões, das cebolas, dos alhos que comiam no cativeiro do Egito. Estavam livres dos egípcios, mas a sua fé não era suficiente para garantir que seriam sustentados naquele deserto, até que chegassem à terra prometida. Estamos vivendo um verdadeiro deserto. Pedimos tanto a libertação do antigo governo, mas nunca pensei que sentiria saudades dos pepinos, dos melões, quero dizer, dos laranjas do nosso ex-prefeito – Refletiu.
Ela é professora há 25 anos. Formada em Letras e com duas pós-graduações, uma em literatura e outra em linguística, sem contar com os inúmeros cursos de formação, elaboração de itens do SPAECE e ENEM, formação para professores de redação para o ENEM, Profa, Pró-Letramento e os muitos curso em toda sua extensa carreira. Foi isso que a revoltou, pois um excelentíssimo vereador, um desses com um pseudônimo parecido com “Tiririca”, provavelmente analfabeto, soltou a seguinte pérola: “Vocês querem ganhar mais do que um médico?”. Talvez ele não se lembre de certo legislador que encerrou sua curta carreira política, quando, em uma dessas reuniões, mandou algumas professoras irem para detrás de seus fogões. Estão lembrados?
“É, senhor vereador! Queremos sim, ganhar tão bem ou até mais que um médico, pois eles passaram e passam por nossas mãos. Você não sabe a importância de um professor porque não precisou de um para pleitear sua vaga no legislativo. Talvez precise muito mais de um médico! Não se esqueça de que é melhor prevenir que remediar, e a melhor forma de fazê-lo é por meio da educação.” Pensou a professora.
Voltou para casa, triste, mas de nenhuma forma derrotada, pois logo foi revigorada pela lembrança de sua labuta nos muitos anos de sala de aula, que, certamente, lhe tem rendido muito mais frutos. Estes, não são os laranjas políticos, não são os pepinos do Egito, nem muito menos as alfarrobas dos porcos (propinas), mas umas ou outras vidas frutíferas que conseguem florescer, por meio da educação, nesse deserto de corrupção.

Francisco Fernandes
A mácula moral

Naamã era um general de grande prestígio em seu país. Porém, sofria de um dos piores males da sua época, a lepra, hoje conhecida por hanseníase. Essa denominação deve-se ao descobridor do microrganismo causador da doença, Gerhard Hansen. Ela é contagiosa, causando problemas dermatológicos, incapacidades e deformidade no corpo. Isso cabe certinho como tipologia para o pecado; mancha, podridão, separação, e é claramente descrito como a causa da separação entre o homem e Deus. Assim nos diz o profeta.
A tradição política brasileira, não excluindo a de nosso município, parece sofrer dessa praga fétida. Por esse motivo selecionamos o episódio bíblico da cura de Naamã, para entendermos como se processa essa relação de interesses entre candidatos e eleitores.
O general, descobrindo que havia uma possível cura em Israel, buscou o profeta para que fosse salvo do mal que o assolava. Ofereceu pelos seus serviços, ouro, prata, tecidos raros, coisa não tão diferente do jogo de propinas que se observa nas relações políticas. Pagar pela cura? Receber benefícios próprios pela venda do voto; esperar retribuição pelos deveres cumpridos; oferecer algo, esperando receber em troca; é bem característico da raça humana. O profeta não mandou fazer nada de espetacular para a obtenção da purificação. Somente mergulhar sete vezes no rio Jordão, que não seria nada dispendioso ao “grande” homem. Às vezes, são nas coisas simples que se encontra a grandeza e um homem de Deus teve essa experiência: “Veio um vento impetuoso e forte, que desfazia as montanhas e quebrava os rochedos, mas o Senhor não estava no vento, houve um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto. Passado o terremoto, veio um fogo, mas o Senhor não estava no fogo. E depois do fogo ouviu-se o murmúrio de uma leve brisa... Então Elias ouviu a voz de Deus”.
“Ele nem apareceu? Não impôs suas mãos sobre minhas chagas? Não poderia ser pelo menos nos rios da minha terra?” Não! Simplesmente no Jordão! Alusão minha a um riacho chamado humildade, a um ribeiro de disponibilidade para, honestamente, servir ao povo. Tomar da fonte da justiça; lavar-se da lepra moral que corrói os bons costumes desde idade mais tenra. Mas, preferem manter-se contaminados com as carcomas da corrupção, a viver na pureza da probidade. 
Naamã foi purificado, mas o profeta recusou receber os presentes, as propinas pelo serviço prestado. Haverá políticos que tenha consciência de receber somente o salário devido a seus cargos? Que não se deixam sujar com o tráfico de influência, tão comum a esse meio? Um secretário do profeta, sorrateiramente, transgrediu o princípio da integridade estabelecido por seu mestre e reivindicou o jabaculê ofertado pelo líder militar. A lepra de Naamã transferiu-se para o jovem.
A mácula da lepra moral é tão contagiosa, que até quem tem bons exemplos pode ser corrompido. O assédio ao “se dar bem” nas transações, às vezes, transcende os bons modelos, pois ser honesto em um contexto de desonestidade provoca indignação e exclusão daqueles que são exercitados por uma conduta imarcescível. Não deixemo-nos atrair pelas facilidades do ilícito! 
Francisco Fernandes


Baseado no texto bíblico de II Reis 5: 1-27

sábado, 24 de setembro de 2016

São todos iguais!

Tornou-se lugar comum na fala do povo brasileiro: Os políticos são todos iguais! A cada momento se desvela um novo escândalo. A oposição comemora a revelação da corrupção de um figurão do governo e este, regozija-se com a descoberta de um larápio, naquela. Chegamos ao ponto de contentamento com atitudes de gangsters que roubam, mas fazem. Que loucura!
Há um terrível conflito interior naqueles que, ávidos por justiça, tornam-se lívidos de vergonha, por serem obrigados a apertar o botão verde para número e imagem dos “menos ruins”. A tecla da vergonha!
Tornamo-nos incrédulos em relação à política nacional. Mas o que é fé? Na Bíblia diz que é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem. O que esperamos?! O advento de homens honestos, que salvarão a nossa pátria? O que vislumbramos?! A tão sonhada reforma política? Parece não haver mais confiança nos três poderes, pois abusam do poder.
Governantes são verdadeiros escravocratas de consciências, pois quando concluem obras públicas, em todas as instâncias, deixam patente a intenção de escravizar aqueles para quem deveriam trabalhar e de quem ganham. Escravizam a um sentimento de dívida pelo “favor prestado”. Não fazem mais do que suas obrigações!
Os que somos cristãos, sonhamos com a redenção desta criação. São Paulo diz que toda ela, conjuntamente geme e está com dores de parto até agora. Olha que isso foi há dois mil anos, imaginem a proporção dessa dor hoje, especificamente em nosso torrão.
Alguém me disse que estamos vivendo um grande avivamento cristão no Brasil, devido ao crescente número de “cristãos evangélicos” e suas respectivas denominações. Discordei por contemplar apenas um grande inchaço religioso. O amor ao dinheiro, fonte de toda a corrupção, invadiu o arraial daqueles que deveriam ser luz e sal do mundo. Envergonho-me desse “evangelho”!
Há salvação para esta nação? Todos esses males são inerentes ao brasileiro? É cultural? Sei lá!!!

Francisco Fernandes